Estimativas indicam que entre 43% e 80% da produção madeireira da região amazônica seja ilegal, proveniente de áreas desmatadas ou exploradas de forma predatória e não sustentável. Em média, 75% dessa produção é destinada ao mercado interno. Assim, há uma chance muito grande de que boa parte das empresas que usam madeira dessa região estejam involuntariamente utilizando madeira de origem ilegal ou predatória.
Mas, quais os cuidados que os consumidores devem tomar para comprar madeira de origem sustentável? “O mais importante é ele verificar a procedência dela”, afirma a coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Lilian Sarrouf.
O primeiro passo possível é entrar no CADMADEIRA (Cadastro de Comerciantes de Madeira no Estado de São Paulo), através do site da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Lá o consumidor encontra uma lista de empresas que comercializam madeira de origem legal, emitem notas fiscais corretamente e mantêm seu estoque organizado.
“Outro caminho é procurar um local que mostre o documento que ateste a origem da madeira vendida e, ainda, adquirir produtos que tenham selo de certificação FSC [Conselho Brasileiro de Manejo Florestal], que garante a procedência legal”, acrescenta Lilian.
Alternativas de madeiras
Existem alguns nomes de madeira com os quais os consumidores já estão acostumados a lidar. Porém, algumas delas já não são mais extraídas e, mesmo assim, as empresas vendem outros produtos com os nomes mais famosos.
“Peroba-rosa, por exemplo, todo mundo conhece para ser usada em telhados e que não é mais extraída das florestas. Só que as empresas vendem outras madeiras como sendo um tipo da peroba-rosa”, alerta Lilian. “Isso é errado. O correto seria elas dizerem que a madeira que estão vendendo atende o mesmo desempenho técnico dela”.
De acordo com a coordenadora técnica, isso ocorre principalmente porque o consumidor tem receio da substituição. “A madeireira não consegue vender quando o produto tem um nome novo”.
Porém, ela afirma que não é necessário esse receio. “Quando o fornecedor te oferecer uma madeira nova, basta pesquisar o nome da madeira para saber se é uma boa alternativa e tem origem no manejo sustentável”, explica. Cedrinho e Cambará também são outros dois nomes que estão sendo substituídos por outras madeiras e mantendo a mesma qualidade.
Madeira nativa X madeira de reflorestamento
A maior utilização de madeira nativa é na construção civil. Mas ela não diz respeito apenas à obra em si, mas também ao que fica incorporado ao imóvel, como o assoalho, as portas e outros itens de decoração.
“A gente defende o melhor uso da madeira”, salienta Lilian. Isso porque, a madeira nativa é um material nobre e não é aconselhável ser utilizado na obra. “Se há uma aplicação temporária, como os moldes na construção, a dica é usar madeira de reflorestamento”.
Além de mais sustentável, o uso desse material também é mais econômico. “Apesar de mais barato, ele também tem menor durabilidade, por isso recomendamos o uso em aplicações temporárias”, diz Lilian. Para estrutura e decorações – principalmente de imóvel no campo e na praia – a dica é usar madeira nativa originária do manejo responsável das florestas.
Programa Madeira é Legal
Lançada em 2009, essa iniciativa tem o objetivo de incentivar o uso de madeira de origem legal e certificada na construção civil no estado e município de São Paulo. Afinal, estima-se que 70% da madeira produzida na Amazônia são consumidas em São Paulo.
Assim, a produção de madeira certificada adquire importância muito grande, pois com ela há a garantia de que a propriedade não será totalmente explorada. Enquanto uma área pré-determinada é usada para a produção, outra é mantida preservada. Findado o ciclo dessa área, ela passa a ser conservada por alguns anos, o que garante a conservação da biodiversidade.
Durante o manejo florestal também são tomados todos os cuidados com os trabalhadores, que utilizam equipamentos de segurança e tomam medidas necessárias para que uma árvore derrubada não prejudique outros ao redor.
Fontes de informação
Lilian informa que, na próxima semana, será lançado um guia prático para orientação de construtoras e dos consumidores. “Será bastante didático, pois vai ensinar o passo a passo da aquisição responsável da madeira”, explica.
Além disso, já existe o livro “Madeira: uso sustentável na construção civil”, disponível gratuitamente no site do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Ele é fruto da ação conjunta do SindusCon-SP, do IPT e da Prefeitura de São Paulo.
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Fonte: https://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/infomoney/2011/06/24/madeira-legal-veja-dicas-para-adquirir-produtos-originarios-do-manejo-sustentavel.jhtm